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A CHAVE MÁGICA
Era uma vez, dois grandes amigos que
moravam em uma cidade pequena, bem próximo daqui.
Certo dia quando estavam voltando da escola, os dois pararam
em frente à loja do Seu Almeida, e ficaram maravilhados
ao verem uma coleção com 12 miniaturas de cavaleiros
medievais, que estava na vitrine.
- Nossa..., veja só essas miniaturas.
- É uma pena que são tão caras - responde
o outro um pouco desapontado ao ver a etiqueta com o preço.
- Mas, espere um pouco..., que dia é hoje?
- Acho que é dia 1, porque?
- Tá chegando o dia de escrever a carta para o Papai Noel.
Os dois se olharam, deram um sorriso e foram correndo para suas
casas, sem comentar nada.
Eles partilhavam de um segredo
que aprenderam com o próprio Papai Noel, em um sonho.
No dia 6 de dezembro eles colocavam uma carta debaixo do travesseiro,
com o pedido de presente para o Natal. Se acordassem pela manhã
e a carta tivesse sumido, eles sabiam que seu pedido ia ser atendido.
Algumas vezes a cartinha não desaparecia, pois o Papai
Noel devia ter os seus motivos, e sempre tinha...
Quando Rafael acordou pela manhã,
a primeira coisa que ele fez foi colocar a mão debaixo
do travesseiro. Sua surpresa foi maior do que ele imaginava,
pois além da cartinha ter sumido, havia uma chave dourada,
muito bonita.
Rafael, ficou sem fala por alguns instantes enquanto observava
atentamente a chave. Ela brilhava muito e tinha algumas renas
desenhadas, parecia mágica. Foi então que ele saiu
correndo de seu quarto e foi contar para sua mãe.
Dona Maria estava preparando o café da manhã, quando
viu seu filho chegar na cozinha tão entusiasmado, que
mal conseguia falar.
- O que aconteceu, filho?
- Ma..Mãe, lembra da carta?
- Sim o que foi?
- Ela sumiu, mas encontrei essa chave no lugar dela.
Sua mãe sempre valorizou muito a fantasia e a imaginação
como partes da verdade da vida, e não teve como conter
a emoção. A chave parecia diferente de tudo o que
ela já tinha visto.
- Nossa, filho é muito bonita mesmo. Agora guarde com
cuidado, e não se esqueça que se você contar
para alguém o que pediu na carta, Papai Noel não
trará o seu presente.
- Eu sei mamãe - disse ele enquanto guardava a chave em
seu bolso, com todo cuidado.
Rafael correu para a casa do Ricardo, para contar a novidade
e saber se seu amigo também tinha tido sorte com a carta.
Mas logo que entrou na casa dele, sua mãe avisou que ele
ainda estava no quarto e que estava muito triste.
Antes de saber os motivos, ele correu para encontrá-lo.
- O que aconteceu Ricardo?
- É que...., bem minha cartinha ainda está aqui.
- disse ele enquanto deixava cair mais uma lágrima de
seus olhos, que estavam muito vermelhos de tanto chorar.
- Não fique triste, amigo, a gente sabe que nem todo ano
essa mágica dá certo. Papai Noel deve estar muito
ocupado.
Rafael estava sem coragem de contar sobre a sua carta e muito
menos sobre a chave. "O que eu faço?" - pensava
ele. Foi então, que para diminuir o sofrimento do amigo,
ele disse:
- Eu também não tive sorte, pois a minha carta
não sumiu, e eu não tô triste. Bem..., só
um pouquinho.
- Que pena! - disse Ricardo. - Mas..., sabe de uma coisa, já
que não deu certo mesmo, podemos contar o que tínhamos
pedido de presente. Eu pedi as miniaturas que nós vimos.
E você, o que pediu?
- Bem..., eu.... - Rafael não
sabia o que dizer. Se ele contasse o que tinha pedido, também
ficaria sem presente, e se contasse sobre a chave, seu amigo
ficaria muito triste.
Foi então, que ele resolveu sacrificar o seu presente
de Natal, pela amizade e amor que tinha pelo seu amigo, e disse:
- E..., eu também tinha
pedido as miniaturas, para podermos brincar, mas tudo bem...,
o mais importante é que vamos passar o Natal juntos, e
tenho certeza que a gente vai se divertir bastante.
Eles se abraçaram muito, pois era um daqueles momentos
que o abraço fala mais do que as palavras.
Rafael tinha ficado sem presente, mas não estava triste,
pois a amizade que ele sentia pelo Ricardo era mais importante
do que tudo.
Enquanto voltava para casa, teve uma idéia...
- Já sei o que vou fazer, já que não vou
ganhar mesmo o presente, vou tentar vender essa chave, para poder
comprar um presente para o Ricardo.
Correu para a loja, onde tinha
visto as miniaturas e...
- Seu Almeida, eu gostaria de vender essa chave, para poder comprar
aquelas miniaturas da vitrine, de presente de Natal para um amigo.
O homem, pegou a chave e depois de olhá-la por algum tempo,
pegou a coleção de miniaturas e disse para o garoto
que aguardava ansioso:
- Rafael, o valor dessa chave só dá para você
levar uma dessas miniaturas.
- Só uma? - respondeu ele um pouco desapontado. - Tá
bom..., então eu quero aquele cavaleiro com o escudo e
espada, pois foi o que meu amigo mais gostou.
Enquanto isso..., Ricardo também
estava pensando em dar um presente para seu amigo, para que ele
não ficasse sem receber nada na noite de Natal. Então
resolveu, mesmo sem ter dinheiro, ir até a loja do seu
Almeida.
Ele entrou na loja e ficou um tempão andando de um lado
para o outro, quando seu Almeida, resolveu perguntar:
- E então Ricardo, você está procurando alguma
coisa?
- Bem..., eu queria dar um presente para um amigo, mas tô
sem dinheiro - diz ele enquanto mostra os bolsos vazios.
Seu Almeida era um bom homem, e não conseguiu resistir
à boa vontade do garoto.
- Hummmm !!! - Acho que tenho algo para você, venha comigo.
Ele vai até o balcão e começa a procurar
esse "algo" misterioso, deixando o garoto, muito curioso.
"O que será que é?" - pensava ele.
Depois de algum tempo de suspense, Seu Almeida diz aliviado:
- Veja Ricardo, é uma chave que dizem que é mágica,
e acho que será um bom presente.
O garoto ficou encantado com a chave e parecia estar vivendo
um sonho.- A chave é sua, Ricardo. Fica como um presente
de Natal. - diz ele emocionado.
Ricardo nem sabia o que dizer de tanta alegria, e viu seu sonho
se tornando realidade: "Tinha conseguido um presente para
o Rafael, e além de tudo era mágico".
- Muito obrigado mesmo, Seu Almeida! - Espero que o senhor tenha
um Feliz Natal!
Finalmente chegou a véspera
do Natal e as famílias dos garotos sempre festejavam juntas,
na casa do Rafael.
Dona Maria havia decorado tudo de forma simples e acolhedora.
Na sala havia uma bela Árvore de Natal com alguns presentes.
Todos se sentaram à mesa e, antes de cearem, fizeram uma
oração agradecendo pelo alimento e pelo amor que
partilhavam nessa noite tão especial e mágica.
Após a refeição, todos se sentaram ao redor
da árvore, para a troca de presentes. Os garotos estavam
eufóricos, e seus olhos brilhavam.
- Bem Ricardo, esse presente é pra você. - diz Rafael.
- Nossa... Muito obrigado! - Nem sei o que dizer.- diz Ricardo
enquanto já começa a rasgar o papel.
Seus olhinhos brilharam quando ele viu que era a miniatura do
cavaleiro medieval, que ele tinha visto na loja.
- Você é demais
mesmo, muito obrigado! - diz ele num abraço.
- Bem Rafael, eu também tenho um presente para você,
é simples, mas de coração.
Quando ele abriu o embrulho, viu que era a chave que ele tinha
vendido na loja. Não conseguia entender como era possível.
A emoção foi tão grande, que por alguns
instantes ele não conseguiu dizer nada. Todos estavam
olhando e esperando que ele dissesse algo.
- e aí, gostou? - pergunta Ricardo impaciente - Me disseram
que é uma chave mágica.
- Nem sei como te agradecer. - diz ele muito emocionado.
Nesse momento alguém bate à porta e quando a Dona
Maria vai atender, não encontra ninguém, apenas
uma caixa parecida com uma arca, com um cartão escrito
assim:
"Para
Rafael e Ricardo,
Um abraço mágico do Papai Noel".
- Meninos!, venham aqui, o Papai
Noel deixou um presente para vocês.
Os dois foram correndo e logo trouxeram a caixa para perto da
árvore de Natal.
- Mas está trancada - disse Rafael impaciente.
Os dois estavam tão preocupados em abrir a caixa, que
demoraram um pouco para perceber o que estava acontecendo com
a chave.
- Veja a chave está brilhando.
- disse Ricardo.
Rafael pegou a chave e estava tremendo tanto, que mal conseguia
acertar a fechadura da arca.
Finalmente ele conseguiu, e nesse momento, a arca foi envolvida
em uma luz muito brilhante, e quando a tampa se abriu, os dois
olharam dentro da caixa, e pularam de alegria quando viram o
que ela continha:
A coleção das 12 miniaturas dos cavaleiros medievais,
faltando apenas uma delas, que vocês já devem saber
qual era, e um kit para pintar as miniaturas com 2 pincéis
e 24 cores que pareciam mágicas.
Havia também uma carta para os meninos, com uma mensagem
escrita pelo próprio Papai Noel, que dizia:
"Amigos Rafael
e Ricardo, peço apenas para que vocês continuem
assim, preservando a pureza do amor e da amizade que existe entre
vocês, para quem sabe sensibilizar o coração
de outros. Quem sabe..."
Naquela noite mesmo, como não
havia segredos que durassem muito entre eles, Rafael contou sobre
a chave e eles riram muito.
Rafael e Ricardo jamais esqueceram essa data, e hoje já
não são crianças na idade, mas no coração
prometeram ser sempre, para poder realizar o sonho do Papai Noel.
Autor : Ricardo Namur Claro
Gostaria de agradecer à minha esposa Rita Aubim pela inspiração
e amor para escrever esse Conto de Natal, e ao meu amigo Rafael
Jorge, pela amizade e amor, que me mantém sempre criança.
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